DEUS É POP

Como os jovens brasileiros – que estão entre os mais religiosos do mundo –
 expressam sua fé em novos ritos, novas igrejas e até na internet

Com mais de 20 tatuagens estampadas no corpo, dois piercings no nariz e um alargador de orelha, a paulistana Fernanda Soares Mariana, de 19 anos, parece estar montada para um show de rock. Apenas a Bíblia que ela carrega nos braços sugere outro destino. E Fernanda, a despeito do visual, está pronta mesmo é para encontrar Jesus. “A igreja não pode julgar. Ela tem de estar lá para transformar sua vida, e não sua aparência”, afirma. A igreja que Fernanda escolheu não a julga pelo figurino. Numa noite de domingo, no templo da Bola de Neve Church do Rio de Janeiro, o que se vê são fiéis vestindo bermudas e camisetas com estampas de surfe. Boa parte exibe tatuagens como as de Fernanda. No altar, uma banda toca música gospel, enquanto a vocalista grita o refrão “Jesus é meu Senhor, sem Ele nada sou”. Na plateia, cerca de 300 pessoas acompanham o show em catarse, balançando fervorosamente ao som da música. A diaconisa Julia Braz, de 18 anos, sobe ao palco de cabelo escovado e roupa fashion. Põe a Bíblia sobre uma prancha de surfe no púlpito e anuncia: “O evangelismo tá bombando!”. Amém.




Cultos voltados para os jovens, como a igreja da Bola de Neve, revelam um fenômeno: mostram que o jovem brasileiro busca formas inovadoras de expressar sua religiosidade. Em 1882, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche assinou a certidão de óbito divina com a célebre afirmativa: “Deus está morto”. Para ele, os homens não precisariam mais viver a ilusão do sobrenatural. Nietzsche não foi o único. O anacronismo da fé religiosa era uma premissa do socialismo. “A religião é o ópio do povo” está entre as frases mais conhecidas de Karl Marx. Para Sigmund Freud, a necessidade que o homem tem de religião decorreria de incapacidade de conceber um mundo sem pais – daí a invenção de um Deus. A influência de Marx e de Freud no pensamento do século XX afastou gerações de jovens da fé. Mas a derrocada do socialismo e as críticas à psicanálise freudiana parecem ter deixado espaço para a religiosidade se manifestar, sobretudo entre os jovens. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados –, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist, no livro God is back. Para os jovens, como diz o título do livro, Deus está de volta. Ou, nas palavras da diaconisa Julia, “está bombando”.



Uma pesquisa feita por um instituto alemão mostra

que 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem

religiosos e 65% afirmam ser “profundamente religiosos”

Uma pesquisa inédita do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, revela que esse renascimento da religião está mais presente no Brasil que na maioria dos países. O estudo mostra que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo, atrás apenas dos nigerianos e dos guatemaltecos. Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam que são “profundamente religiosos”. Noventa por cento afirmam acreditar em Deus. Milhões de jovens recorrem à internet para resolver seus problemas espirituais. Na rede de computadores, a diversidade de crenças se propaga como vírus. “Na minha geração só sabia o que era budismo quem viajava para o exterior”, diz a antropóloga Regina Novaes, da Universidade de São Paulo e ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude. “Hoje, com a internet, o jovem conversa com todo o mundo e conhece novas religiões. A internet virou um templo.” Mais talvez do que isso, ela se converteu no veículo ideal de uma religião contemporânea e desregulada, que pode ser exercida coletivamente sem sair de casa e sem submeter-se a qualquer disciplina.



Até o século XIX, o Brasil tinha uma religião oficial: a católica. Quem não era católico não podia trabalhar para o Estado. Os outros cultos eram permitidos, mas desde que não fossem praticados dentro de edificações cuja arquitetura lembrasse uma igreja. Hoje, quase metade dos jovens brasileiros diz professar outras religiões – e essa talvez seja uma das características mais marcantes da nova religiosidade do jovem brasileiro. “É um salto muito grande, em muito pouco tempo”, diz o antropólogo Roberto DaMatta. Parte da explicação para a transformação de uma sociedade baseada numa só fé para a era das múltiplas escolhas está na disposição do jovem para experimentar. Ele pode aderir a seitas exóticas, viver aquele momento e depois voltar para a tradição sem grandes dilemas. “O jovem não decide ser católico só para seguir a religião dos pais. Ele quer distância disso”, diz o teólogo Rubem Alves.



A experiência de Alves com jovens mostra que eles querem seguir os próprios caminhos. Os jovens, diz ele, adotam religiões minoritárias por achar que estão vivendo uma grande missão: querem mostrar ao mundo que, apesar da pouca idade, já encontraram sua “verdade”. Seria quase um ato de afirmação juvenil. Na religião, como na política e nos costumes, há rebeldia. Assim como os pais religiosos já não transmitem sua crença aos filhos, os pais ateus também não influenciam os filhos a adotar o ateísmo. Uma pesquisa feita com famílias do Rio de Janeiro revela que 60% dos filhos de pais ateus acreditam em Deus e adotam alguma religião. Alguns, motivados por questões íntimas, empreendem verdadeiras peregrinações em busca de respostas a suas inquietações

FONTE: ÉPOCA

TATUAGEM POR AMOR? MICO NA CERTA!

Ao casar com o fofinho jogador Roger, que adora uma celebridade, a atriz Deborah Secco não estava preocupada apenas com a roupa, as flores, as alianças. A noiva chamou o maquiador não apenas para os olhos e os lábios. Deborah precisou de uma maquiagem especial no pé, para cobrir a tatuagem com o nome do ex-namorado, Falcão, que já tem outra dona. A atriz se submeteu a várias sessões de laser, mas a marca, embora esmaecida, até agora não saiu completamente. Esperamos que Roger não seja um desses amantes que cultivam fetiche por pés femininos. Porque, a cada beijinho ou massagem nos pés da sua mulher, Falcão ressurgirá do passado de Deborah.




No Dia dos Namorados, 12 de junho, por mais apaixonada(o) que você esteja, atenção para as provas de amor: não faça como Deborah Secco, Viviane Araújo, Kelly Key, Alessandra Negrini, Joana Balaguer, Amy Winehouse e Angelina Jolie. O que será que essas atrizes-cantoras-modelos têm em comum? O mico de tatuar no corpo iniciais e nomes de seus amados. Outras menos badaladas – como Nereida Gallardo, ex-Cristiano Ronaldo, o craque português, e Joana Machado, ex-Adriano (o Imperador) – cometeram o mesmo ato tresloucado de paixão. E tiveram de pagar com muita dor física e uma razoável soma de dinheiro o ato de deletar de sua pele os homens que um dia pareceram eternos.



Com todo o respeito pelas moças acima, fico pensando: é só cafona ou é burrice mesmo tatuar o nome do namorado? Quer dizer “entrega total”? Pacto de amor – quando os dois tatuam seus nomes em delírio recíproco. Sou sua, para sempre. Aahhnn, tá bom. Como dizem os psicólogos e dermatologistas, por favor, meninas, declarem seu amor por ele de outro jeito. No megafone, no papel, no vídeo. Quem sabe até no dia a dia. Ao despertar e dormir. Mas, na pele, não, tá?



Mais de 4,5 milhões de brasileiros têm algum desenho permanente no corpo. Se a gente se cansa de borboletas, águias, flores e tribais, imaginem quando o desenho é do cara que nos traiu, abandonou, sacaneou – ou simplesmente do cara que não tem mais nada a ver, que passou. Sei que há pessoas que enxergam nesse ritual algo transcendental. O amor é lindo. Mas as sessões de laser para apagar tatuagens são descritas “como se uma agulha fervendo tocasse a pele”. Durante a “limpeza”, sol está proibido. E no lugar onde havia a homenagem a uma paixão, haverá durante um bom tempo pomada antiinflamatória. Cada sessão de laser para apagar tatuagem custa R$ 300. E são necessárias dezenas. Já pensou gastar a bagatela de R$ 10 mil para apagar umas letras inconvenientes? Na maioria das vezes, fica um borrão ou uma mancha clara no lugar da tatuagem. Além do laser, tem outras técnicas. A ressecção – o cirurgião extrai a parte tatuada e a costura em seguida. Aaaaai! Na dermoabrasão, a pele, anestesiada, é lixada até as camadas mais profundas, onde está a tinta. Uuuuui! Ficam cicatrizes. Se todo esse sacrifício físico ajudar a esquecer as cicatrizes da alma e do coração – assim seja. Mas eu confesso que não consigo entender por que ainda se cai nessa roubada de “tatuagem por amor”.



A melhor solução para ocultar tatoos com maquiagem é o tal airbrush, que joga um jato de ar comprimido com base corretiva. “A aparelhagem custa caro e tem que ter técnica para aplicá-la. Primeiro se coloca a camuflagem, que é um corretivo mais forte, para depois usar o airbrush com a cor da pele da pessoa”. Palavras de entendido, o maquiador Marcelo Hicho.



No mundo das celebridades, gastar R$ 10 mil para eliminar um amor é muito pouco. Mas o troca-troca de parceiros é tão frequente, em velocidade alucinante, que não dá para entender uma homenagem “para sempre”. O que se passa nos neurônios de uma famosa que decide ostentar nos seios, na coxa, no pé, nas costas, no pescoço, na panturrilha, na virilha, no braço ou em lugares recônditos do ser o nome de alguém predestinado a ser substituído no meio de uma novela, um filme, uma peça, um show ou uma viagem?



Amy Winehouse, a cantora que não é exatamente um exemplo de equilíbrio, estava em férias no Caribe quando decidiu se livrar do desenho de um bolso com o nome do ex-marido músico, que ela tinha gravado no busto. A modelo Viviane Araújo, depois de um ano de sessões de laser, ainda não tinha conseguido apagar completamente as declarações de amor ao pagodeiro Belo, tatuadas em seu corpo. (Belo tatuou uma tribal preta e rosas vermelhas em cima do nome da ex, isso depois de exibir a tatuagem antiga durante a cerimônia de noivado com outra, a dançarina de axé Gracyanne – foi a maior saia justa).



A bela Angelina Jolie teve de apagar do braço a tatuagem com o nome de Billy Bob Thornton quando o ator entrou para a galeria dos ex-maridos. Kelly Key, ao mesmo tempo que eliminava o ex-marido Latino da panturrilha, tatuava no pescoço Então me beija, dedicado ao novo amor. Pelo menos, essa vale para todos os futuros…Alessandra Negrini buscou uma saída criativa: transformou o nome do ex-marido Otto, no braço, em amor. Joana Balaguer deu sorte. Mas temporária. O B do ex-Bruno Gagliasso continou a ser B, só que do namorado Bruno Marinho. Já pensou ficar condenada a buscar novos namorados com as mesmas iniciais do antigo?



Esse negócio de querer ficar no teu corpo feito tatuagem, pra te dar coragem quando a noite vem, e de se perpetuar em tua escrava que você pega, esfrega, nega, mas não lava…isso é muito romântico, mas só na fantasia e prosa de Chico Buarque e Ruy Guerra. Na vida real – menos, gente.




FONTE: REVISTA ÉPOCA

TATUAGEM DE HENNA PODE CAUSAR ALERGIAS

A tatuagem de henna não é tão inofensiva como se pensava. Segundo a Academia Americana de Pediatria, está confirmado que existem hennas perigosas. A Academia faz um alerta aos pais que permitem filhos fazerem tatuagens temporárias com henna, mais fáceis e rápidas de serem aplicadas. Segundo os pediatras americanos, o problema está na henna preta que normalmente é fruto de uma mistura da henna natural (de cor amarronzada) com uma substância denominada parafenilenediamina (que em inglês leva a sigla de PPD), presente no corante negro. Esse corante pode causar desde vermelhidão e coceiras a outros efeitos mais graves, como queimaduras e dermatite de contato alérgica.




Às vezes, essas queimaduras não surgem logo no primeiro contato com a pele, mas quando a tatuagem é exposta ao sol. Alguns tatuadores usam O PPD para prolongar a tatuagem temporária, que normalmente dura até duas semanas. Mesmo que a pessoa não apresente uma reação alérgica no primeiro contato com o PPD, o seu corpo pode se tornar sensível à essa substância presente em alguns medicamentos. “Nem todo mundo irá apresentar reações alérgicas ao PPD, mas o freqüente contato com essa substância pode aumentar essa chance”, afirma o pediatra Albert Yan, membro da Academia.


A Academia Americana de Pediatria dá algumas dicas para os que querem fazer tatuagem com henna:

1)A henna natural tem uma cor cáqui esverdeada. Se ela for preta, provavelmente contém PPD.
2) Pergunte quanto tempo a tatuagem levará para ficar seca. Normalmente as de henna natural levam algumas horas para secar totalmente.

3) Pergunte qual será a cor final da tatuagem. Se for preta, provavelmente o PPD está presente na mistura

fonte: Revista Época

ARTE ORGÂNICA

"É assim que é. Eu vim e disse que queria no ombro. Só. Tamanho, desenho... não pedi nada. Então, ele vem e faz. Claro que confio. O cara é top no mundo." Na sala da casa onde mora o tatuador e designer Jun Matsui, de 38 anos, o cliente - empresário da banda de reggae brasileira Natiruts - aproveita para experimentar uma peça da coleção de joias, escapulários, anéis e pingentes de ouro e prata que Jun lança semana que vem no Rio de Janeiro e em outubro em Tóquio.




É a primeira vez desde que imigrou para o Japão e lá viveu por 16 anos que esse pernambucano passa uma temporada longa no Brasil. Especialista em uma arte tão antiga quanto estigmatizada - a ponto de confundir-se com a delinquência, na visão de alguns - Jun enfurnou-se no imóvel elegante e despojado que alugou no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, para aventurar-se pela ourivesaria e reativar a confecção street wear que lhe rendeu um bom pé-de-meia no Japão. Sua paixão mais duradora, no entanto, continua sendo a tatuagem, a que se dedica com intensidade e em pequeníssima escala: dificilmente faz mais que quatro delas por mês. Para "vestir uma tatuagem" de Jun, na expressão que ele gosta de usar, é preciso paciência oriental: a fila de espera chega a três meses e o processo é mais lento do que em qualquer dos estúdios profissionais e amadores do gênero espalhados pelo Brasil.

Na primeira sessão, nada acontece, além de uma conversa genérica, acompanhada de uma xícara de café ou chá verde. "Mas é possível você sair daqui vestindo uma tatuagem sem a gente trocar uma palavra sequer", diz ele. No segundo encontro, Jun desenha diretamente na pele do cliente, e o esboço é transferido para uma folha de plástico adesivo. Só na terceira é que entram em cena as agulhas, e Jun, após transferir de volta a imagem do plástico para o corpo, tatua apenas o contorno do desenho. Vêm então as sessões de preenchimento, no mínimo uma, mas que podem passar de três, dependendo do tamanho do grafismo. Cada uma dessas etapas sai por R$ 1.200 - o que significa que "vestir" Jun Matsui pode custar mais que ostentar um terno Armani. Um progresso material significativo para o garoto que embarcou para o Japão sem faculdade nem um iene no bolso.




Primogênito dos cinco filhos de um japonês com uma pernambucana, Jun nasceu em Recife e passou a infância em Maracaju, Mato Grosso do Sul, antes de a família se mudar para São Paulo. "Meu pai é da Província de Kumamoto e foi o único membro da família que se casou com uma estrangeira. Até hoje, se você visitar meus parentes paternos no Brasil, vai ver que eles falam, comem e vivem como japoneses." Da adolescência no bairro paulistano do Jaguaré, suas melhores lembranças são a convivência com os amigos skatistas. "Comecei a andar com 12 anos. Foi a primeira vez na vida que me senti pertencendo a um grupo." Apaixonou-se pelo universo do grafite e da tatuagem, e da rua só voltava na hora de comer e de dormir.



O casamento dos pais entrou em crise e veio a separação, que desestruturou ainda mais a família. Eram os conturbados anos 90, com a eleição de Collor desfazendo as ilusões da redemocratização e a crise econômica empurrando jovens brasileiros para o exterior. "Lembro do dia em que minha mãe me levou para ver um emprego em uma papelaria no Largo de Pinheiros. Quando o dono me falou quanto ia me pagar por mês, decidi na hora que ia embora do País."



Vida de imigrante



A oportunidade surgiu quando o filho de um feirante do bairro lhe contou que estavam recrutando operários nisseis para trabalhar no Japão. Agências clandestinas organizavam viagens em troca de uma comissão das fábricas. Com 18 anos, Jun foi a uma delas, no bairro da Liberdade. Ele não falava japonês nem inglês, mas tudo o que lhe pediram foi o passaporte. Avisou a família na véspera da viagem. "A única grana que levei foram US$ 100 que um tio me deu. US$ 40 gastei com uma camiseta e um boné na escala em Los Angeles", ri o imigrante.



Se em retrospecto a experiência lhe parece divertida, os meses que se seguiram não foram fáceis. Jun viu-se na desoladora cidade de Nagoia, penando na linha de montagem da Toyota e dormindo em um galpão com outros dekasseguis. "Via pais de família chorarem de desespero. No quarto mês, fui embora sem nem pegar meu último salário." O rumo foi Tóquio, onde passou a ajudar um primo que instalava cabos de fibra ótica nos subterrâneos. Apesar das dificuldades, conheceu uma sociedade menos desigual que a de sua infância. "No Japão, você vê o CEO da Sony andando de metrô."



Um mundo novo começou a se desenhar para Jun quando ele arrumou emprego de bartender no badalado Gaspanic, no bairro boêmio de Roppongi. Anos de festa e diversão. "Foram dois verões em que tive, da maneira mais plena, aquela sensação de estar no lugar certo, na hora certa", lembra. Aos poucos, aprendeu inglês e japonês - em que até hoje não se considera fluente. "Meus amigos dizem que uso um vocabulário afeminado, porque a aprendi a falar com as mulheres..." Uma delas, a cantora nipoamericana Ann Lewis, foi quem enfim o levou à tatuagem, ao levá-lo a Los Angeles e apresentá-lo ao dono de um estúdio que lhe deu dicas e o presenteou com um kit básico.



De volta ao Japão, fez em si próprio seu primeiro trabalho: uma guitarra estilizada no antebraço esquerdo. Combinou um pendor autodidata com a observação de mestres como o japonês Horiyoshi, de quem se tornou amigo e ganhou uma tatuagem feita com a técnica milenar do bambu. Trabalhou em casa, nas horas vagas , até seu traço começar a ser reconhecido na cidade. No meio do caminho, alguns sustos, como quando um conhecido membro da máfia coreana bateu em seu apartamento no meio da noite.



O homem tinha o tórax quase todo tatuado e pediu que Jun complementasse uma parte que faltava. Suando frio, o pernambucano tentou recusar, mas o mafioso insistiu e jogou um maço de dinheiro na mesa. No dia seguinte, voltou dizendo que o desenho estava errado. "Posso corrigir, mas vamos ter que esperar uns dias para cicatrizar", balbuciou Jun. Poucas horas depois, o homem surgiu novamente. "Pensei que ia morrer. Aí ele sorriu e disse que tinha ido consultar seu mestre de tatuagem e ele a havia aprovado."



Finalmente, pintou o sucesso. Seu estúdio, o Life Under Zen (L.U.Z.), ficou conhecido em Tóquio. Em 2006, uma editora japonesa lançou uma coletânea de sua obra, intitulada Hari - "agulha", em japonês. Jun tatuou gente como a cantora inglesa Rihanna, o fotógrafo de moda italiano Mario Sorrenti e o vice-presidente do Deutsche Bank no Japão, que prefere se manter anônimo. Tudo parecia zen, até que a inquietude que o levara à linha de montagem da Toyota em 1990 bateu de novo. Em 2007, estava de volta a São Paulo. "O Brasil é um país ao mesmo tempo medieval e futurista. Tem gente aqui com uma abertura de pensamento que não encontrei em parte alguma", tenta explicar. Nota que na terra natal ainda há preconceito em relação à profissão, mas percebe sinas de mudança. "Outro dia li uma coluna do escritor Luis Fernando Verissimo tratando o tema de forma sensível e bem informada."



Na quarta-feira, a Câmara Municipal aprovou um projeto de lei que obriga estúdios de tatuagem, piercing e maquiagem definitiva a ter cadastro na Prefeitura e adotar novos procedimentos de higiene e controle. O Sindicato dos Tatuadores de São Paulo (Setap-SP), em nota à imprensa, considerou a lei "um retrocesso" que inviabiliza a profissão. "Sou rigoroso com a segurança e apoio a lei, mas acho curioso como no Brasil sempre se sai do nada para a tolerância zero", diz o pernambucano, ressaltando que enquanto os controles nos EUA são ainda mais restritos, no Japão predomina o bom senso - com a única interdição à tatuagem de menores.



Sobre as clínicas que se tornaram verdadeiros mercadões da tatuagem, tampouco Jun faz restrições. Aferra-se à sua metáfora preferida e limita-se a dizer que seu produto é de outro tipo, artesanal. "Você pode comprar um terno pronto em uma loja de departamentos ou encomendá-lo, sob medida, a um alfaiate. Meu jeito de trabalhar pode parecer excêntrico, mas não é nada disso."



E cadê o espírito da coisa? "Às vezes me pego imaginando as pessoas que tatuei. Quantas dessas tatuagens estão escondidas sob ternos executivos? Quantas são usadas para intimidar, atrair, seduzir? Quantas são meros acessórios de moda? E, na verdade, isso não importa. O desenho não faz a tatuagem e a tatuagem não faz o homem. Sua tatuagem é tão bela, interessante e verdadeira quanto a vida que você vive."



FONTE: O ESTADÃO

CUIDADOS COM SUA NOVA TATUAGEM


Quando fazemos uma tatuagem, estamos  felizes e o que mais queremos fazer é sair pra mostrar nossa mais recente conquista pra todo mundo. Mas assim que saímos do estúdio, temos que tomar uma série de cuidados para que nossa tattoo fique linda por muito tempo, afinal, é um machucado que está em nossa pele. Os cuidados básicos e fundamentais pra uma boa cicatrização são beeeem simples:

* O período de cicatrização é muito importante, siga todos os cuidados.



* Sempre lave bem as mãos antes de passar a pomada cicatrizante.


* Pomada recomendada: Bepantol


* Passe a pomada em toda a tatuagem, e coloque plástico filme em toda sua


extensão


* Pode ser trocado de 2 a 3 vezes ao dia. É recomendado entre uma troca e outra, lavar a tatuagem com água e sabonete.


* Com esse procedimento a tatuagem não formará cascas.


* Não use nenhum tipo de creme hidratante, nem protetor solar durante o processo de cicatrização.


* Após a total cicatrização da pele, você pode usar creme hidratante normalmente na tatuagem, assim como protetor solar.


* A alimentação é normal, evite somente alimentos que você tenha alguma reação alérgica.


* Evite banho e mar e piscina por aproximadamente 5 dias.


* O tempo de cicatrização pode variar de uma pessoa para outra.


* Para conter inchaços e vermelhidão pode ser feito compressa com gelo, envolvido em saco plástico ou tecido.

Seguindo essas recomendações você vai ter uma tattoo linda por um bom tempo, não se esquecendo de, depois que ela cicatrizar, usar sempre um bom protetor solar sempre que for sair ao sol, principalmente quando for á praia, que aliás eu indico um bloqueador fator 50, principalmente se sua pele for morena, pois se bronzeia com mais facilidade.

Cremes hidratantes também são benvindos, mas só depois que cicatrizar ok?

A alimentação pode ser normal,  aquela história que não podemos comer carne de porco é bem relativa, pois como ela é uma carne que é suscetível a alergias, pedimos pra evitar, maas se você não tem, não vejo problema nenhum, até porque eu ja comi, durante a cicatrização, e conheço várias pessoas que comeu e não aconteceu nada... fique á vontade quanto a isso, você decide...

Se tiver alguma dúvida, deixe uma pergunta que terei o imenso prazer em responder, afinal, tattoo é coisa séria e se informar sempre nunca é demais!

COM DOR OU SEM DOR???


A polêmica que envolve o uso de anestésicos na hora da tão sonhada tatuagem, que para alguns, são sofridas agulhadas, tem sido foco constante de discussão nos fóruns virtuais e publicações especializadas, levantando acalorados debates entre profissionais, clientes e até mesmo médicos interessados no tema.


Particularmente, eu acho uma bobagem. A dor é totalmente suportável e faz parte do processo. Mas tem gente que usa e não vê nada demais nisso, pois é bem verdade cada um tem uma sensibilidade, e o que pra mim não dói nada, pra outra pessoa pode ser insuportável. Cada um faz com seu corpo o que quiser!

Para algumas pessoas, realmente pode ser muito difícil, dependendo do lugar. Só que a anestesia injetável causa inchaço na pele e pode prejudicar o trabalho do tatuador. Infelizmente muitas pessoas usam a anestesia injetável, sem ter a noção que é muito, mas muito arriscado! Pode até matar!

Recentemente li num site de notícias, que no Recife morreu uma técnica de enfermagem após uma injeção anestésica pra fazer uma tattoo nas costas... Fuja das injetáveis.

Entre os medicamentos mais usados estão as pomadas Emla e Anestop, sendo que essa última foi proibida na Europa.

Tatuagem é estética, expressão, atitude, comportamento e arte. Mas antes de tudo é saúde. O corpo é o grande instrumento da vida e merece ser tratado com cuidado.

Quem tem tattoo é julgado a todo o momento e sabe o tanto que isso é ruim. Anestesiar ou não, é uma decisão muito particular e não precisa ser motivo de preconceito. Eu, particularmente, sou contra. Na vida, tudo que é bom dói um pouquinho. É a dor da beleza.



Ta falado!!!



(fonte de pesquisa: Bruno Fernandes)

COISA DE VAGABUNDO???

Entretanto, apesar de se tornarem moda entre os nobres, as tatuagens ainda eram malvistas pelo clero e pelas camadas populares da sociedade, que se sentiam mais ligadas aos ditos da Igreja e viam as extravagâncias da nobreza como práticas pecaminosas.


Pesquisadores indicam que este pode ser um dos motivos pelo qual a ostentação de um corpo tatuado passou a ser interpretada como um sinal de vagabundagem, afinal, as farras e o luxo eram coisas possíveis apenas para os artistas e os nobres, que não precisavam trabalhar. Se essas são simplesmente teorias, não podemos comprovar, mas o certo é que as tatuagens chegaram a Idade Contemporânea com esse estigma, sendo uma coisa de vagabundo.

E em plena Revolução Industrial, e a partir dela, somente aos artistas e aos bandidos era permitida a prática de desenhar no corpo. A exceção era apenas dada aos marinheiros, que ostentavam seus braços tatuados como troféus de uma vida.

No século 20, as tatuagens foram novamente introduzidas á sociedade através da popularização do surf, porque mais uma vez, o costume foi atrelado a um segmento de sociedade nem sempre bem visto. Em se tratando ainda do século passado, um outro exemplo de que o preconceito contra as tatuagens e piercings ainda estava em voga pode ser verificado ao lembrarmos que os dois costumes foram utilizados como símbolo de rebeldia contra o “status quo”, por dois dos principais elementos de contracultura dos anos 70: as comunidades hippies e os punks.




Para os indivíduos ligados a estes movimentos ter o corpo coberto por desenhos e ornamentos significava uma recusa ás imposições do sistema capitalista, numa clara referência aos primórdios tribais e naturalistas da humanidade.

FONTE: Revista Tattoo & Cia

TATUAGENS DO NOVO MUNDO

Este cenário começou a se modificar na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Neste período, final do século 15, o continente europeu presenciou a derrota das monarquias, que passaram a incentivar navegações com o objetivo de estabelecer novas rotas comerciais entre Europa e Ásia, fugindo do bloqueio Mediterrâneo imposto pelo Império Turco Otomano.


Através das navegações, os europeus passaram a ter contato com as nações da região sul da África e do novo continente: a América.

E qual foi à novidade se não a constatação de que também entre esses povos o costume de cobrir o corpo com tattoos e ornamentos perfurantes (piercings) era bastante difundido?

Com a vinda dos brancos para a América e o surgimento das novas sociedades originadas a partir da miscigenação, o estranhamento diante das tatuagens se dissolveu aos poucos. Assim, entre os habitantes das colônias européias em solo americano, mesmo com a intervenção da igreja, que procurava converter em fiéis religiosos todos os índios, maias, astecas e incas, as tatuagens começaram a ser moda entre a nobreza. Não demorou muito e a troca de informações entre as colônias e as monarquias fez com que tal moda também chegasse aos nobres europeus.

Desta forma, no final da Idade Moderna (século18), as tatuagens também se difundiram entre membros das cortes européias. Foi nessa época que a arte de introduzir tinta nas camadas de pele recebeu a nomenclatura que tem hoje.

O feito é atribuído ao capitão inglês James Cook, que em seu diário de bordo descreveu o método com que os povos do Taiti produziam suas tatuagens: através das pequenas agulhas enfiadas na pele, com ajuda de pequenos martelinhos de madeira. O som das marteladas foram descritas pelo navegador como “tattoow” ou “tatau”, termo que acabou dando origem a palavra “tattoo”, traduzida para o português como “tatuagem”!!!



Atualmente, tatuagens e piercings, apesar da discriminação velada que ainda existe, foram alcançados o título de arte: a Body Art.


Logicamente, estamos longe da total liberação e em muitos ramos profissionais, na verdade a grande maioria, as pessoas ainda tem que esconder suas tatuagens e piercings, ou então lançar mão de jóias e desenhos mais discretos.

 Contudo, esta é uma realidade que está em mutação e cada vez mais as novas gerações vão de encontro ao preconceito. Os jovens de hoje sabem que competência e honestidade não tem nada a ver com a imagem e o estilo individual de cada um. E estão prontos para enfrentar todos os olhares e comentários, cientes, de que a liberdade de expressão é um direito de todos em corpo e alma.


FONTE: Revista Tattoo & Cia

LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Cada vez mais, o hábito de tatuar a pele vem se tornando algo comum entre as pessoas, independente da idade, da profissão ou grupo social. Mas apesar desse processo de popularização das tattoos, todos os tatuados concordam em que algum momento do seu cotidiano eles ainda são alvos de algum preconceito ou discriminação. Diante dessa situação, vale refletir: porque a sociedade continua se incomodando, ou estranhando uma prática que acompanha o homem desde a Antiguidade?




Para os historiadores, a resposta remonta, provavelmente, nos vestígios religiosos da Idade Média. Naquela época, a Igreja Católica baniu da Europa toda forma de marca na pele: tatuagens cicatrizes, marcas de nascença eram consideradas coisas demoníacas, podendo levar o portador da “deformidade” a enfrentar o julgamento da Santa Inquisição, o tribunal montado para a punição dos hereges.

Acontece que, entre outras atrocidades cometidas pela igreja, esta foi uma forma de se tentar repelir qualquer influência de culturas não-cristãs sobre as sociedades comandadas pelo vaticano.

Desde o início da humanidade, cobrir o corpo com tintas ou fazer marcas definitivas na pele sempre foram símbolos de distinção social ou religiosa. Países distintos como o Egito, Indonésia, Nova Zelândia e Japão tiveram suas histórias marcadas pela ostentação de tatuagens com fins tribais e espirituais, ou para indicar o status social de cada pessoa.



Na Europa, aspectos religiosos também eram inspiração para tatuagens em diversas civilizações, principalmente os novos elementos e crenças à cultura cristã, banir tais indivíduos e seus costumes virou lei. Seguindo esse preceito, a Igreja declarou como malditos todos os que carregassem sinais oriundos de culturas pagãs, principalmente os que representassem uma ameaça ao controle político, como os berberes, mouros e povos do norte da Europa e Ásia – entre eles os hunos, que tinham costume de marcar o rosto dos homens adolescentes com cicatrizes, espécie de rito de passagem para a vida adulta.


FONTE: Revista Tattoo & Cia

MARCAS,,,


Vivemos em um mundo onde passamos por diversos tipos de situações ao longo da vida.


Desde o início de nossa jornada experimentamos situações alegres, tristes, frustrantes, passageiras, prolongadas, intensas. E essas experiências pelas quais passamos ao longo de nossa vida, de alguma maneira, nos deixam marcas, que somadas aos acontecimentos anteriores e também outras questões de nossa psique humana e da formação educacional, nos molda e nos faz quem somos.

Já dizia um antigo filósofo, que a cada segundo deixamos de ser a pessoa que éramos, dadas as experiências que adquirimos a cada instante, mesmo que em uma fagulha de tempo.

E não só as experiências sentimentais, mas também as físicas nos moldam e nos deixam marcas...

A tatuagem tem esse papel, e dois aspectos, no físico e no sentimental.

Quando nos tatuamos, independente da tatuagem ter um significado pessoal ou não, ela nos remete a uma época da vida que vivenciamos uma série de situações, e seja essa época boa ou ruim, ela fundamentalmente tem o mesmo papel, que é somar algo ao nosso aprendizado na corrida da vida, e nos transformar em quem somos no momento presente.



“MARCAS SÃO ETERNAS....... ATÉ A GENTE RESOLVER FAZER OUTRAS!”

Baseado no texto de Alessandro Carvalhho